O vazio de uma agenda cheia e detox digital....concluindo o texto de ontem.
Porque sempre depende só de clareza mental para agir.
Uma das maiores lições que aprendi ao longo do processo foi perceber o vazio que uma agenda cheia pode trazer. Durante muito tempo, acreditei que estar ocupada, com compromissos marcados a cada hora, era sinônimo de sucesso e realização. O povo de Sampa é assim, quase sempre. Mas, na verdade, essa correria constante apenas me afastava de mim mesma. Uma agenda cheia, repleta de tarefas e redes, muitas vezes esconde o vazio interior, uma falta de conexão real com aquilo que importa. Estar ocupada demais não me fez mais feliz; pelo contrário, roubou minha energia e me deixou sem espaço para respirar, refletir e simplesmente ser. Agora, entendo que menos é mais, e que ter tempo para mim é tão importante quanto qualquer compromisso.
Sumamos a isso o estado de sobrevivência, onde não conseguimos fazer nada para crescer diante de tantos problemas para sobreviver com o básico: aluguel, comida, contas pagas.
Depois de entender a necessidade de me proteger das energias que me drenam, percebi que as soluções não precisam ser complicadas. Existem medidas simples que podem ser tomadas para me livrar dessas influências negativas e fortalecer minha própria energia.
Uma das primeiras decisões foi me afastar das redes sociais, postar e estar com o instagram aberto apenas para trabalhar. Cuido de muitas contas, tenho um negócio digital, sou artista e é fato que preciso estar em redes. Mas agora o único que as pessoas acompanham são meus trabalhos, e raras vezes coloco algo das minhas filhas ou da nossa rotina.
Essa escolha, muitas vezes vista como radical, revelou-se uma das mais libertadoras. No começo, foi difícil, porque estamos tão acostumadas a compartilhar tudo, a buscar validação instantânea. Mas, com o tempo, esse afastamento se mostrou positivo. Sem as distrações e as pressões das telas, pude redescobrir a importância de viver experiências no mundo real sem a necessidade de postar sobre elas.
Passei a valorizar os contatos e as conversas reais, longe dos filtros e das aparências das redes sociais. Procurar pessoas com quem posso me conectar verdadeiramente, olho no olho, e construir relações baseadas na presença e na autenticidade se tornou fundamental. É incrível como o simples ato de estar presente, de ouvir e ser ouvida sem interrupções digitais, pode trazer uma sensação de pertencimento e bem-estar.
Trabalhar online é parte da minha realidade, e eu aceito isso. Mas viver offline é onde encontro o equilíbrio. Busco estabelecer uma rotina onde desconecto-me do mundo digital e me conecto com o mundo ao meu redor. Caminhar ao ar livre, ler um livro físico, ou simplesmente apreciar a beleza do momento presente são atos que fortalecem minha energia e me lembram do que realmente importa.
O inverno porteño veio muito pesado esse ano, e eu odeio o frio. Tenho um pouco de humor sazonal, não fico muito bem no frio e no escuro, e encaramos temperaturas de -2 graus na hora de mandar criança para a escola. A noite muito longa, o dia tarda a amanhecer, o frio extremo, os problemas, as mudanças, a recuperação dos roubos sofridos no começo do ano, tudo isso no inverno parece ser impossível. A gente acha que vai se acostumar com o frio, mas a cada ano é mais dificil. E ao mesmo tempo, saber que não tem o que ser feito, porque não vamos voltar…..é o que é. Desde março não ando de camiseta e estou harta. Mas voltando ao tema:
Esse estado de presença, de viver intensamente cada momento, me trouxe um novo sentido de pertencimento. Quando me desligo das telas e me conecto com o mundo real, sinto que faço parte de algo maior, algo verdadeiro. E essa sensação de estar onde devo estar, com quem devo estar, me dá a força para dizer não a tudo o que não serve mais.
Essas simples mudanças — afastar-me das redes sociais, buscar contatos reais, e viver experiências genuínas sem a necessidade de compartilhá-las online — trouxeram uma paz que eu não sabia que podia alcançar. Agora, posso trabalhar online, mas viver offline, em um estado de presença que me nutre e me fortalece. Mais que nada, não dá para pessoas que nem conhecemos o direito de julgar, opiniar, vigiar porque elas não se ocupam de suas próprias vidas.
E quando você decide, aparecem muitas pessoas legais. Ando fazendo novas amizades, Buenos Aires é uma cidade global e tem gente de todo lado aqui. Sei que sou imigrante, mas todo dia converso no dia a dia com outro imigrante, e isso te faz sentir mais normal. Mas sobre imigração falamos mais depois. Porque o difícil não é chegar: é permanecer.
Beijos e até a próxima!
